A data de hoje (10/10), visa chamar atenção das pessoas para o cuidado com a saúde mental.
A saúde mental é um termo usado para descrever o nível de qualidade de vida cognitiva ou emocional, podendo incluir a capacidade de um indivíduo de apreciar a vida e procurar um equilíbrio. Aceitar as exigências da vida. Saber lidar com as boas emoções e também com as desagradáveis. Reconhecer seus limites e buscar ajuda quando necessário.
No Dia Mundial da Saúde Mental, o Psicólogo, Mestre em Psicologia pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), que trabalha como Neuroreabilitação no setor de Psicologia do CER/APAE, Carlos Heber de Oliveira Meneghel, falou sobre a importância do cuidado com a saúde mental.
Segundo o psicólogo, existem sintomas que mostram que a saúde mental de um indivíduo não vai bem, e que nem sempre esse sintoma é o transtorno em si. “Por exemplo, alguém com depressão, não necessariamente se manifesta triste, às vezes uma pessoa com transtorno faz um esforço para parecer sociável, habilidoso social, empático ou mesmo, engraçado. Na maioria das vezes, começa a ser perceptível pela alteração da personalidade da pessoa. Se ela sempre foi calma e de repente se mostra mais impaciente, pode ser um sinal. É bom sempre estar atento com as transformações de personalidade”, explica.
Carlos explica que a sociedade atual é muito individualista e segue a ideia: “cada um por si e Deus por todos”, resultando em pessoas que se importam muito pouco com a condição psíquica de outro indivíduo. “A padronização de nossos comportamentos e a individualidade manifesta em nosso cotidiano, são os ambientes perfeitos a consolidação de uma solidão profunda entre as pessoas, tais ambientes e relações são férteis para o surgimento de transtornos mentais assim como as crescentes manifestações de suicídios. Se percebermos qualquer alteração da personalidade de uma pessoa, é como se fosse um pedido de socorro mediante sofrimento. Assim, temos que ser um pouco mais sensível a dor do outro”.
De acordo com o psicólogo, não existe uma faixa etária que seja mais propensa aos prejuízos da saúde mental, “é uma questão de envolvimento com o meio”. Ele cita como exemplo a adolescência, onde o indivíduo apresenta uma série de dificuldades com relação ao conjunto de respostas que o meio exige dele, tais exigências circundam em torno da escolha do mundo do trabalho, da preparação para a universidade, da criação de identidade e personalidade. “É muito comum que nesse período haja vivências conturbadas não só para o adolescente, mas para as demais pessoas que estão a sua volta, tais como: família, escola, amigos e demais instituições que o sujeito pertença. No índice, a depressão e o suicídio entre os adolescentes está em 2º lugar”, disse Carlos.
Segundo Carlos Heber, há grande probabilidade de a pessoa ter depressão, quando tem um deprimido na família, dado que fatores genéticos são grandes influenciadores no surgimento do transtorno. Entretanto, temos que considerar as relações epigenéticas, ou seja, fatores que promovem as alterações de nossos próprios genes e que não são herdados, disso podemos citar as relações sociais que influenciam bastante nosso estado de humor.
Na fase adulta, o trabalho é um dos motivos prejudiciais para a saúde mental. Quando a pessoa passa por uma dificuldade de saúde mental, o ambiente de trabalho é um ambiente muito importante de se averiguar. Há outros fatores prejudiciais entre os adultos, como, a relação da pessoa com o ambiente, a família, amigos, fatores socioeconômicos e genéticos, que são as principais causas que podem influenciar a patologia mental. “Também vemos o aumento da depressão diante de grandes crises econômicas. Podemos citar a crise de 1929, onde uma enorme quantidade de pessoas tiraram suas vidas em detrimento da perca de suas fortunas. Desta forma, levamos em consideração fatores sociais que estão em volta da saúde mental”, relata o psicólogo.
Conforme Carlos, “Freud, em 1927, citava pelo menos três grandes fontes de sofrimento do ser humano, que são prejudiciais à saúde mental: Os desastres naturais, que estão fora do nosso controle; a pessoa saber que está envelhecendo, sem menor controle da saúde, além de saber que um dia irá morrer; e as relações sociais e interpessoais, sendo que as relações interpessoais são as fontes das maiores angústias e sofrimento do ser humano”.
Qualquer pessoa é suscetível a passar por um problema de saúde mental. Para manter a mente saudável, Carlos Heber explica que podemos treinar nossas habilidades sociais. “Habilidades sociais é o conjunto de habilidades que uma pessoa tem para manejo das relações interpessoais. Ter uma boa empatia, negociação e gerência de conflitos, faz com que tenhamos mais saúde relacional com as pessoas à nossa volta. Mas, é importante saber o seu limite, o autoconhecimento é fundamental para que se tenha uma boa saúde mental. Temos fatores a nossa volta que nos colocam em sofrimento, por isso, devemos sempre conhecer o nosso redor, para que o mundo não nos oprima. É fundamental se autoconhecer e conhecer o mundo que se vive”, finaliza.